A Descoberta da Lentilha e Outras Estórias

Lilypie 1st Birthday Ticker

2.02.2007

A Daniela nasceu no dia 17 de Janeiro às 14h06m. Deveria ter sido parto normal, mas o (abençoado) mecónio no líquido amoniótico obrigou a uma cesariana que eu agradeço de coração nas mãos!

Não sei descrever o turbilhão de emoções que desde aquela hora têm preenchido os meus dias.

Neste momento dorme serena na alcofa. E nunca outra imagem me transmitiu tanta paz.

Voltarei aqui quando os meus sentimentos voltarem a fazer sentido. Quando os conseguir verbalizar. Quando os conseguir perceber.

Até já.

11.03.2006

- Curso de Preparação para o Parto

- Encontros da Pré-Natal

- Revista Pais & Filhos

- Livro sobre como tratar dos bébés

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Antes achava que não ía ser capaz por falta de informação.....

Hoje acho que não vou ser capaz por falta de espaço na memória....

10.23.2006

Este post não é de hoje, mas é hoje que faz todo o sentido.

Obrigada Avó, por teres existido tão vincadamente na minha vida. Desculpa não ter tido coragem de te acompanhar quando a tua vida se perdeu entre a existência e a morte.

Descansa em paz. Eu falarei de ti à Daniela. Como um exemplo de amor.

As tardes de Verão lembram-me a casa dos meus Avós. As longas tardes passadas no jardim. O largo onde aprendi a andar de bicicleta. Os canteiros que na minha imaginação permitiam fazer "caminhos" que eu percorria durante longas horas.

As férias de Verão eram passadas ali. Acordar a ouvir os passarinhos. Sem pressas. Sem horas. Sem obrigações nem responsabilidades.

E o dia começava leve. Sem horas. Sem pressões.

Depois era tempo de ir passear. O Chiado era o local de eleição. As escadas rolantes do Grandela foram testemunhas de muitas viagens para cima e para baixo, com a emoção de quem dá a volta ao mundo. E quando já era hora de vir embora lá se ouviam as vozinhas outra vez: "Oh Avó, só mais uma vez!" E lá íamos as 3 mais uma vez subir e descer a escada rolante.

A minha Avó tinha a paciência que só as Avós conseguem ter. Dizia sempre que sim. Para ela estava sempre tudo bem, desde que para nós estivesse bem. Não me lembro de alguma vez me ter ralhado, levantado a voz ou criticado fosse o que fosse. Nunca.

Havia dias em que íamos a uma casa de chá no Rato comer scones e beber chocolate quente. Isso é que nós gostávamos! E ríamos, ríamos, de tudo e de todos. E divertíamo-nos as 3 como se não houvesse amanhã.

Quando chegávamos a casa, era tempo de mais brincadeira. De ir para o jardim. De andar de patins ou de bicicleta enquanto o meu Avô não chegava para jantar. Ficava contente quando ele chegava. Não era um homem de muitas falas. A maior parte das vezes entrava mudo e saia calado. Mas não era sisudo. Era simpático, afável, paciente. Só não gostava de falar.

O serão passava depressa e o meu Avô era o primeiro a ir para a cama. Ressonava tão alto que se ouvia lá em baixo e isso divertía-nos.

Em casa da minha Avó podíamo-nos deitar mais tarde e vez as novelas proibidas em casa. Eramos tratadas como gente grande!

Quando subíamos para o quarto, o dia ainda não tinha acabado, e chegava aquela que era a melhor hora do dia: as "conversinhas".

- Oh Avó, vamos para as conversinhas?

As Conversinhas. A hora de todas as revelações. De todos os segredos.

Nós enfiávamo-nos na cama e a Avó sentava-se ao pé de nós a conversar sobre tudo.

Contava-nos coisas do passado. Histórias suas. Da época do Colégio Interno. Da Tia com quem fora criada que era uma verdadeira madastra. Dos irmãos. Dos pais que não conheceu.

Contava-nos segredos. Os namorados que teve. As amigas que teve. Os sonhos de juventude.

Contava-nos coisas que nunca tinha contado às filhas e isso fazia-nos sentir especiais.

Muitas vezes íamos ao baú buscar roupas antigas, cabeleiras e colares e vestíamos e despíamos até mais não puder, no meio de tantas, tantas gargalhadas que ecoavam pela casa à mistura com o ressonar do meu Avô.

Há dias em que tenho muitas saudades deste tempo, das conversinhas e dos meus Avós.

Há dias em que tenho muitas saudades da luz que à noite entrava pelas frestas da persiana e de adormecer de mão dada à minha irmã.

9.28.2006

Há 5 tipos de pessoas:

- As que têm ideias, mas não têm iniciativa;
- As que têm iniciativa, mas não têm ideias;
- As que têm ideias e iniciativa;
- As que não têm nem ideias, nem iniciativa;
- As que andam a reboque das ideias e da iniciativa dos outros.

Os primeiros inventam sempre muitas coisas para fazer: ele é idas ao cinema, ao teatro, é fins de semana fora, são projectos de futuro, são negócios, são declarações de princípios e tomadas de posição. Quem os ouve e não os conhece, acredita francamente que serão capazes de fazer tudo aquilo que apregoam e que a vida daquela pessoa deve ser uma constante emoção. Pura ilusão. Na prática, nunca saem do sofá onde lhes surgiu as ideias, não vão elas fugir-lhes por entre os dedos.

Os segundos são aqueles que, sozinhos, não conseguem imaginar grande coisa, mas que quando confrontados com um: " E se fossemos....?", são os primeiros a saltar do sofá para pôr em prática o que acabou de ser sugerido.

Os terceiros são o sonho de qualquer um. Perante um novo horizonte que eles próprios criaram, surge a acção que permite a sua realização. Basicamente: Deus quer, o Home sonha, a obra nasce.

O quarto tipo de pessoas são aquelas a quem Deus se esqueceu de dar um cérebro pensante. A vida destas pessoas é igual todos os dias. E para eles parece estar bem. Não têm mais ambições. Não têm outros ideais. Nem sequer imaginam que as coisas podem ser diferentes. Acordam. Vão para o trabalho. Voltam. Jantam. Dormem.

Os últimos. Aqueles que sozinhos não são capazes de coisa nenhuma. Mas que seguem os outros para todo o lado, na crença infundada de que são donos da sua própria existência.

9.21.2006

Não sei se já escrevi, ou se só pensei. Eu penso muitas coisas que gostava de escrever mas que depois se ficam apenas pelos pensamentos. Às vezes por preguiça, outras por falta de oportunidade, muitas por simplesmente não querer publicar.

Antes de estar grávida, nunca tinha pensado em como é brilhante e verdadeiramente milagroso o facto de uma criança poder formar-se dentro de nós. Era fascinante, mas não tinha esta dimensão de.... (falta-me uma palavra que descreva efectivamente o que eu quero dizer)... esta grandiosidade!

E agora, que já a sinto diariamente, parece que entrei noutra dimensão. Sei onde ela está, sei que anda de um lado para o outro (ainda tem espaço!) a fugir das mãos quentes que a tentam sentir.

Normalmente está sossegada durante a manhã e começa a dar sinal de vida lá para meio da tarde. Depois mantem-se mais ou menos agitada até à noite, altura em que me deito a ler e invariavelmente tenho que me sentar porque lhe roubo o espaço e ela decide pontapear-me para eu perceber que não está cómoda.

Às vezes também acho que está demasiado em baixo, mas não gosto de ser paranóica e se ainda a semana passada fiz a ecografia e fui à médica e estava tudo bem, é porque está de certeza.

Ontem a minha Mãe conseguiu senti-la. Como anda babada a minha Mãe! Embora não seja a primeira vez, já lá vão quase 14 anos desde a emoção do primeiro.

Ambas as Avós têm nesta neta a paz e a alegria de se ser Avó em toda a sua plenitude. Sem reticências. E isso percebe-se pelo brilho nos olhos e pela simplicidade dos sorrisos.

Para a Daniela tenho apenas um sonho. Que seja sensata, justa e coerente com ela própria.

No fundo, no fundo, acho que todos nós queríamos ser um bocadinho como Deus, e criar os nossos filhos à nossa imagem e semelhança.

Felizmente nem todos conseguem :-)

Ténis...

... a segunda melhor invenção do mundo....

...logo a seguir às calças de ganga!

9.13.2006

Ontem foi dia de ecografia morfológica. É incrível como antes de cada ecografia fico com uma tremenda ansiedade.

Felizmente estava tudo bem e está mais que confirmado que será uma Daniela!

Apesar de estar de costas (estou farta de lhe dizer que não se vira as costas às pessoas quando estão a falar connosco, mas não há meio) conseguiu ver-se tudo: coração, pulmões, estômago, rins e sei lá que mais que tudo o que deixam de ser pernas, braços e cabeça eu deixo de perceber de que é que estamos a falar!

E como estava de costas não lhe consegui ver a cara, mas hoje que vamos à consulta vou pedir à médica para "espreitar" só um bocadinho :-)

9.12.2006

Às vezes, gostava de entrar na tua cabeça e perceber o que por aí se passa. Tenho muitas vezes a sensação de que deveria saber falar uma língua diferente para poder falar contigo. Assim como o Harry Potter fala serpentês sem saber como.

Acho que hoje é o dia em que a vida, tal como a conheces, fica para sempre diferente. Em que percebes que afinal nem tudo é para sempre. E que à nossa volta as coisas mudam. Como um dia alguém lhe chamou, acabou para ti a "idade da imortalidade" e começa agora uma nova era.

As tristezas que nos acontecem podem ter um de dois caminhos: podem servir para nos sentirmos uns mártires do destino ou então podem servir para nos mostrar que a única forma de vivermos é aproveitarmos cada momento e agradecermos as coisas boas que a vida nos traz.

Espero, do fundo do coração, que este embate sirva para te mostrar que a vida vale a pena viver, porque apesar d etudo, ainda tem muitas coisas boas.